Qualquer brasileiro ou brasileira, por mais humilde que seja, sabe que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café no mundo. Nossa liderança na produção ultrapassa mais de 100 anos de história, com principal destaque aos produtores de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

O café é considerado um produto essencial na mesa dos brasileiros, sendo muito apreciado e valorizado por nosso povo, e intrinsecamente ligado a nossa cultura e tradição.

Não há casa de família no Brasil que não o consuma, e mais, que o ofereça com amor e alegria as visitas, sejam, parentes e amigos.

Porém, há por parte da sociedade, um desconhecimento profundo acerca da desvantagem que os produtores e o próprio Brasil, carregam em relação aos ganhos do mercado internacional.

Só para termos uma ideia, de todo ganho da cadeia produtiva, desde a nossa produção, exportação, e processamento lá fora, nossos produtores ficam com apenas 20% dos ganhos totais, ou seja, 80% ficam para outros países.

No topo dos vencedores de processamento e ganhos, estão, Suíça e Alemanha, e pasmem, sem plantar um pé de café. Se restringindo a torragem e enriquecimento do produto, fornecendo e liderando o comércio de extratos e cápsulas.

O Brasil exporta 70% do que produz, explicando melhor, se produzimos em média 60 milhões de sacas, exportamos, então, 42 milhões (1 saca = 60 Kg).

Vendemos o quilo para o exterior, a um preço médio de R$ 6,60; mas vejam, esse mesmo quilo, processado e transformado em cápsulas, é vendido no Brasil, depois da importação, a R$ 400,00. Uma multiplicação por 60 vezes no preço (estudos de Gala-Roncaglia).

Essa lógica e reflexão serve a todos os grãos que produzimos, a carne, e principalmente, aos minérios e petróleo.

Um dos maiores desafios que temos, então, é como reindustrializar o país, manufaturando e beneficiando nossos produtores, ao mesmo tempo em que, investimos na educação tecnológica, a fim de eliminarmos esse atraso.

Como não bastasse a redução da participação da indústria no PIB (riqueza nacional), de 30% para menos de 10% em menos de quarenta anos, ainda perdemos em qualidade, quase não existindo mais o nível high tech (alta tecnologia), predominando a média e baixa tecnologia (midi e low tech), o que atrapalha a produtividade, concorrência de preços, emprego e salários.

Mais do que sabor e cheirinho bom, o café poderia contribuir para melhorar a renda do país e das pessoas.

Um abraço fraterno! Paz e bem ?

 

Por Bernardino Jesus de Brito - Diretor do CES

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