“Deveríamos promover um grande encontro dos setores laborais e patronais da indústria, para, juntos, consolidarmos uma aliança e traçarmos as metas dos trabalhadores, das empresas e do governo, na busca de uma indústria forte, geradora de bons empregos e de um projeto de desenvolvimento nacional”
Eduardo Annunciato, o Chicão, presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e da Federação dos Trabalhadores em Empresas do Meio Ambiente, declarou, em entrevista ao HP, que o debate instalado na sociedade brasileira sobre a reindustrialização, por empresários e confederações de trabalhadores, é uma iniciativa patriótica”. “Os dirigentes sindicais, por sua própria identidade, têm a responsabilidade de tomar a iniciativa, buscar saídas para o buraco econômico que enfiaram o Brasil”. “Nunca foi tão importante o diálogo entre os trabalhadores na busca do equilíbrio e da saúde econômica, tão necessários para a vida do país, enquanto uma nação soberana em todos os aspectos”, disse.
Para Chicão, que também é vice-presidente da Força Sindical, o Brasil carece de crescimento industrial, de políticas desenvolvimentistas e de articulação entre todos os setores da economia. “Nosso país é grande demais para ficar refém de certos segmentos da sociedade que só pensam em ganhar dinheiro, mesmo que para isso sacrifiquem os interesses nacionais”.
Chicão acha que “temos que fazer um grande pacto, que assegure o desenvolvimento, sem a dilapidação de setores, e, principalmente, sem precarizar a mão de obra e nem reduzir a dignidade do povo trabalhador brasileiro”. O líder sindical avalia que “chegou a hora do empresariado deste país, ligado à produção, observar o interesse nacional e o crescimento, econômico. É inadmissível que nossas commodities saiam do Brasil para beneficiarem outros países ao só agregarem valor no exterior, gerando empregos e divisas para outras nações, em detrimento do nosso país, que detém as matérias-primas e as condições fundamentais para alimentar a indústria”.
Confiante, Eduardo afirma que “acredito que toda iniciativa do movimento sindical, no sentido de criar condições de desenvolvimento econômico com a qualidade que a indústria gera, é, neste momento, imprescindível para a retomada do crescimento do país”.
Chicão falou também sobre a privatização da Eletrobrás, e declarou que “essa privatização foi um desastre na forma que foi modelada e com seus efeitos na economia”. “A Eletrobrás tinha o papel de garantir o equilíbrio energético no Brasil, e monopólio na mão do setor privado, com o foco no lucro, não pode dar certo”.
Considera que “a energia elétrica no Brasil deveria ser revista como um elemento fundamental para o desenvolvimento, e não mais como um negócio. Um país que busca crescer, tem que ter preocupação com suas fontes energéticas e investir nas políticas aplicadas nesse setor”. O eletricitário tem a opinião de que “monopólios naturais, como energia e água, que têm papel estratégico, não deveriam ser geridos pelo interesse privado”.
Para ele, é fundamental “um grande debate nacional, que avalie a contribuição de cada setor para o desenvolvimento do Brasil. Deve ser um debate sincero, sem freio de ideias, sem omissão e nem exageros, uma análise de onde estamos e uma projeção de onde queremos chegar”, definiu.
“Creio que deveríamos promover um grande encontro dos setores laborais e patronais da indústria, para, juntos, consolidarmos uma aliança e traçarmos as metas dos trabalhadores, das empresas e do governo, na busca de uma indústria forte, geradora de bons empregos e de um projeto de desenvolvimento nacional”, propõe o dirigente sindical.
Por Eduardo Annunciato - Chicão: presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e da Federação dos Trabalhadores em Empresas do Meio Ambiente
Fonte: Hora do Povo