Divulgada de forma unificada pelas centrais sindicais no último 1º de Maio, a pauta da classe trabalhadora para 2025 não se limita à data simbólica. Ela representa um programa contínuo de reivindicações e propostas, que deve orientar a atuação política, institucional e sindical ao longo de todo o ano. Mais do que uma carta de intenções, trata-se de uma agenda concreta, voltada à promoção da dignidade, da igualdade e do desenvolvimento com justiça social.
Entre os pontos centrais está a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem perda salarial. Essa bandeira histórica dos movimentos sindicais volta com força neste ano, como resposta à precarização das relações de trabalho e ao aumento da produtividade que, até aqui, tem beneficiado majoritariamente o capital.
A medida, se implementada, contribuirá diretamente para a geração de empregos, a melhoria da saúde física e mental dos trabalhadores e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. No mesmo sentido, a pauta propõe a revisão da escala 6×1, com negociações setoriais para reorganizar jornadas mais humanas e compatíveis com cada realidade profissional.
Outro eixo fundamental da agenda é a justiça tributária. Os trabalhadores e trabalhadoras defendem a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5.000, acompanhada da taxação dos super-ricos e dos lucros e dividendos, medida que rompe com o atual sistema regressivo, no qual quem ganha menos proporcionalmente paga mais. É preciso corrigir essa distorção histórica e construir um modelo fiscal que promova redistribuição de renda e combata a concentração de riqueza.
Também integra a pauta a redução da taxa de juros, essencial para destravar o crescimento econômico, estimular o investimento produtivo e gerar emprego. Juros altos inibem a atividade econômica e concentram renda nos setores mais ricos da sociedade, além de comprometer o orçamento público com o pagamento da dívida.
A valorização real do salário mínimo é outro ponto que permanece central. Um salário mínimo fortalecido tem impacto direto na vida de milhões de pessoas e contribui para movimentar a economia de forma sustentável, a partir da base da pirâmide social.
A agenda de 2025 também aborda temas estruturantes das relações de trabalho, como:
- O fortalecimento das negociações coletivas, que são um instrumento democrático de equilíbrio entre patrões e empregados;
- A igualdade salarial entre homens e mulheres, com fiscalização rigorosa e punições a práticas discriminatórias;
- A regulamentação do trabalho por aplicativos, garantindo direitos previdenciários, jornada definida e segurança jurídica aos trabalhadores de plataformas;
- O direito a uma aposentadoria digna, sem exclusões nem retrocessos;
- A valorização do serviço público, essencial à garantia de direitos sociais;
- A ratificação da Convenção 151 da OIT, que assegura a negociação coletiva no setor público e fortalece a democracia institucional.
A pauta não se limita às relações econômicas, mas se expande às lutas sociais e civilizatórias, reafirmando o compromisso da classe trabalhadora com:
- O combate ao feminicídio, ao racismo, ao assédio e a todas as formas de discriminação;
- A promoção da saúde e segurança no trabalho, para que ninguém adoeça ou perca a vida em função da atividade profissional;
- A defesa de uma transição ecológica justa, que proteja o meio ambiente sem sacrificar empregos e direitos trabalhistas;
- A valorização das empresas públicas, patrimônio estratégico da nação;
- E a defesa incondicional da democracia e da soberania nacional, frente a qualquer ameaça autoritária ou entreguista.
Reafirmar e dar visibilidade permanente a essa agenda é essencial para transformar as reivindicações em políticas concretas. Cabe às entidades sindicais, confederações, movimentos sociais e à sociedade civil manterem essa pauta viva — nas ruas, nos locais de trabalho, nas negociações, no debate público e nas instâncias institucionais.
Em 2025, o Brasil só avançará se a pauta legítima da classe trabalhadora for respeitada, negociada e implementada. Não pode haver justiça social nem desenvolvimento sustentável sob regimes autoritários ou políticas entreguistas. Por isso, é fundamental defender as instituições democráticas, combater as tentativas de desmonte do Estado e valorizar as empresas públicas como instrumentos estratégicos para o país. Um país verdadeiramente justo só pode ser construído com trabalho digno, igualdade, o fortalecimento dos preceitos democráticos e a preservação da soberania nacional.
Por Romênia Mariani
Fonte: www.contee.org.br